Nas palavras de Nimzovitsch: 'A coluna aberta é o favorito dentre os meus filhos espirituais (...)'.
Mas não, não falarei aqui de postos avançados, muros de granito, coluna aberta como trampolim... enfim.[Se você não entendeu a última frase, vá estudar o livro ‘Meu sistema’ do Nimzovitsch]. Desta vez os holofotes[para fazer alusão mais uma vez às palavras do Mestre] estão dirigidos à nova seção do site do Clube de Xadrez de Itapetininga! [aplausos]
Trata-se de uma seção de entrevistas, onde, a priori, conheceremos um pouco mais de cada enxadrista itapetiningano. Poderemos eventualmente estender as entrevistas a jogadores renomados [alguém aí se habilita? por favor, formem fila para evitar tumulto].
As atualizações dar-se-ão quinzenalmente [salvo em caso fortuito ou de força maior, uma prova de Cálculo na faculdade, por exemplo ¬¬'].
E já temos nossa primeira vítima!
Thales Fernandes de Almeida Pires, nascido em 11/11/1991 é um dos enxadristas da nova geração do xadrez itapetiningano. Dono de um estilo dinâmico tem se destacado nas competições municipais nos últimos anos e aparece entre as grandes promessas do CXI. Apreciador do stand-up comedy e sempre bem humorado, Thales Fernandes ou Thalão, como é conhecido entre os amigos do clube, é figura sempre presente nos torneios e nas primeiras posições das tabelas de classificação. Conheça agora um pouco mais sobre esse jovem enxadrista itapetiningano.
1- Há quanto tempo joga xadrez e como começou? Existe algum momento ou episódio em especial que tenha feito despertar em você a paixão pelo jogo ou quando aprendeu a mover as peças foi ‘amor à primeira vista’?
Faz dois anos e meio que eu jogo xadrez. Eu odiava xadrez e jogava damas com um amigo da seguinte forma: jogávamos uma partida de damas, se ele ganhasse jogávamos então uma de xadrez; foi então que comecei a gostar do jogo. Lembro que ele me ensinou o xeque mate pastor e então pensei que além dele ninguém ganharia mais de mim. Até que um dia fomos no posto do Jorge(local onde por vezes alguns enxadristas do CXI se reuniam para jogar xadrez), meu amigo me apresentou como enxadrista e eles disseram para eu começar a frequentar o clube de xadrez da cidade. A partir daí comecei a gostar cada vez mais do jogo.
2- Quais são seus ratings? (FPX;FIDE;CBX;CXI)
FPX eu só tenho o dinâmico (2105) e faltam dois torneios que ainda serão contabilizados(acredito que vou ficar com 2140). FIDE meu rating saiu baixo (1813). Quanto ao rating CXI, segue: blitz(2284); dinâmico(2163);pensado(2051).
3- Defina xadrez.
Xadrez é a tendência para esse inverno.(rs). Xadrez é um jogo de inteligência, único jogo em que a sorte não ajuda!
4- Quais são seus títulos mais expressivos? Qual foi o mais marcante?
O título mais expressivo foi quando eu conquistei o tri campeonato do torneio pensado Anestor de Sousa em 2008 (torneio realizado anualmente no Clube de Xadrez de Itapetininga e que homenageia um dos maiores enxadristas itapetininganos). Vale citar também a conquista da medalha de ouro nos Jogos Regionais de 2008 na cidade de Itu na categoria sub-21 por equipes. O que mais me marcou foi a conquista do primeiro pensado no ano de 2007, já que eu não imaginava que seria campeão. Na verdade não esperava sequer conseguir a classificação para os Jogos Regionais(o referido torneio selecionaria a equipe representante da cidade). Ao final, sagrei-me campeão e fui para os Jogos daquele ano na cidade de São Roque.
5- Qual sua rotina de estudos? Já fez ou faz aulas com professores? Como costuma se preparar para os torneios?
Eu estudo uma hora por dia e faço aulas com o Fritz!Quanto aos torneios, preparo as linhas que eu vou usar uma semana antes!
6- Além do xadrez, pratica algum outro esporte? O que costuma fazer quando não está envolvido com o xadrez?
Sim, pratico futebol, tenis de mesa, natação, volei, basquete e gosto de empinar pipa(rs) . Eu toco violão e tenho uma Banda, que se chama THAFER, a banda é minha e do nosso amigo enxadrista Luis Fernando Alves, mais conhecido como"Kamu", e sou humorista. (rs).
7- A literatura enxadrística é muito extensa e variada. Há algum livro que gostaria de citar como seu preferido?
Aberturas mais usadas! Mas isso não é um livro, é o meu caderno em que anotei mais de 20 tipos de aberturas e defesas diferentes! Só estudo com ele e finais com o Fritz(meu amigo alemão)rs.
8- Com relação ao seu estilo de jogo, se tivesse que compará-lo quanto às suas características aos estilos dos grandes enxadristas(campeões mundiais ou não) com qual deles seria?
Eu não acho muito parecido, mas um dia o nosso amigo enxadrista Bequinho(William Martins) falou que eu jogo igual ao Topalov e me apelidou de Thalepalov. No entanto, acho meu jogo parecido com o do Kasparov e só estudo partidas dele. É o meu jogador preferido!
9- Como você vê a questão do xadrez feminino e da pequena parcela de enxadristas mulheres quando comparada à maioria masculina?
Acho que tem menos mulheres enxadristas porque elas acham o jogo muito difícil. Além disso, os homens ficam falando que as mulheres têm apenas dois neurônios, aí elas pensam que é verdade e por isso elas não gostam do jogo.
10- Com relação ao seu jogo, o que considera como sendo sua maior fraqueza e qual sua maior virtude?
Acho que sou fraco na parte de combinação e não consigo combinar bispo com cavalo(rs).Minha virtude é o ataque, " a melhor defesa é o ataque" atacar sempre!
11- Quais julga serem as maiores contribuições da prática do xadrez em sua vida cotidiana?
Peço ajuda para os universitários! Ah, não tem?(pergunta difícil..rs) Acredito que o xadrez ajuda muito na parte de cálculos e pensamentos rápidos e auxilia também de maneira geral a vivermos no tabuleiro da vida!
12- Já pensou ou pensa em levar o xadrez como profissão? Acha que é possível viver apenas do nobre jogo atualmente no Brasil?
Já pensei e por enquanto estou fazendo isso! (rs) Acho que é possivel sim, mas você tem que se dedicar muito ao xadrez!
13- Quais são suas pretensões quanto ao xadrez? Você tem metas e objetivos a serem alcançados? Quais são eles?
Pretendo um dia me tornar no mínimo Mestre Fide. E quero também ser campeão mundial ! (rs)
14- Qual partida jogada por você considera a mais importante? É também a sua preferida? Mostre-nos:
15- Dos enxadristas brasileiros, qual é o seu ídolo? Quanto aos jogadores do CXI, quais considera sendo os maiores adversários? Qual o mais difícil de ser batido e por que?
Meu idolo é o enxadrista Vitor Shumyatsky que apesar da pouca idade joga muito bem. O Alcimar é o jogador mais difícil de ser vencido no CXI, ele tem muita teoria!
16- Quais conselhos daria para um jovem que dá seus primeiros passos pelas sessenta e quatro casas?
Jogue sem ter medo de perder!
17- Durante as competições, sente-se pressionado pelo tempo no relógio? Costuma ficar ‘nervoso’ durante os torneios ou consegue lidar bem com as emoções durante as partidas?
Eu nem ligo para o tempo, como diz a canção do Renato Russo “temos todo o tempo do mundo". (rs). Acho que sei lidar muito bem com a emoção e com os outros sentimentos!
18- Agradeço a entrevista concedida e deixo o espaço aberto para as considerações finais. Um abraço.
Foi uma honra conceder essa entrevista para o Blog e poder contar um pouco da minha história no xadrez, espero que outros enxadristas também possam compartilhar suas experiências e contar suas trajetórias! Um abraço!
Por Diego Silveira,
Diretor de Eventos CXI.